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Você já tinha ouvido falar em descolonização de futuros?


Pupul Bisht - imagem reproduzida

Pois é, quisemos despertar a atenção sobre este termo depois de ler uma entrevista com a futurista indiana Pupul Bisht, que, entre outras coisas, fundou a “Decolonizing Futures Initiative", projeto global cujo objetivo é engajar comunidades marginalizadas a imaginarem seus futuros preferidos. A conversa faz parte de uma série de perguntas e respostas do futurista Nicklas Larsen, que, junto a pioneiros do campo, explora como o futuro pode ser uma fonte de esperança, inovação social e desenvolvimento sustentável.


Ao se mudar para o Canadá para estudar Foresight Estratégico, Pupul conta que ao mesmo tempo em que uma parte dela se viu muito confortável para falar inglês e se expressar naturalmente, a outra parte, o seu lado indiano, se viu com pouca abertura para levar seus pontos de vista para a mesa, o que a fez enxergar uma lacuna na área.


A futurista argumenta que se queremos construir futuros melhores, sem deixar ninguém para trás, temos que aceitar que o futuro para todos não pode ser imaginado por poucos. “Não se trata apenas de inclusão; trata-se de reconhecer onde está o poder quando fazemos o trabalho de previsão porque, no fim das contas, descolonizar futuros significa abrir espaço para visões de mundo marginalizadas e identidades culturais historicamente marginalizadas no trabalho futuro”, diz.


Pupul reforça que as visões de futuros podem ser uma ótima ferramenta para indivíduos e sociedades imaginarem além dos sistemas atuais de opressão e das visões dominantes da realidade.


Como exemplos de futuro que reproduzem o sistema, a entrevistada cita os conceitos implícitos de crescimento e progresso no pensamento futuro, com imagens que destacam a tecnologia de maneira singular, sempre como protagonista de uma narrativa ou história. “Pense no Black Mirror, ou fantasias sobre a conquista do espaço sideral, onde reproduzimos tropos coloniais. Pense em quem é o futuro padrão. Esses são exemplos clássicos de imagens muito dominantes de futuros colonizados”, reflete.


Na fala da futurista, nós simplesmente tendemos a repetir as mesmas histórias, pois é realmente muito difícil pensar em alternativas. No entanto, é essencial fazer este exercício, indicando perguntas importantes a quaisquer profissionais de Foresight, tais como:


>>Como estou fazendo minha pesquisa e como o conhecimento está sendo construído?

>>Uma vez que as pessoas estão na sala, elas são capazes de trazer sua visão de mundo?

>>Se elas estão trazendo sua visão de mundo, essa perspectiva está sendo reconhecida e incluída no trabalho que está sendo feito?


Pupul conclui que provavelmente será um exercício desconfortável, especialmente para quem teve privilégios históricos. Descolonizar é aprender a lidar com esse desconforto porque se trata de mudar a maneira como organizamos a realidade em nossas cabeças e em nosso entorno.


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