Estudos de prospectiva no Brasil: projeto Brasil 2035
De que forma os estudos de futuros apoiam a antecipação e o entendimento do que pode acontecer, ajudando a criar políticas públicas melhores?
Bem, em se tratando de políticas públicas, os métodos prospectivos são cruciais para a revelação de desenvolvimentos futuros, pois ajudam a lidar com a incerteza e fornecem insights para a identificação de futuras mudanças e necessidades.
O Brasil possui alguns estudos prospectivos para subsidiar a criação de estratégias e políticas públicas. O Projeto Brasil 2035, lançado em 2017, é um deles, criado a partir da parceria entre a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (ASSECOR), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Centro Centro de Altos Estudos Brasil Século XXI.
Tal como o nome já diz, o projeto tem 2035 como horizonte temporal. No entanto, ele integra uma plataforma maior, intitulada “Brasil 2100 – construindo hoje o país de amanhã”, que visa estimular o debate sobre possíveis caminhos e desafios para a construção de uma sociedade mais próspera e solidária no país até 2100.
A primeira etapa desta iniciativa foi a construção de cenários prospectivos para o Brasil em 2035. Especialistas de diversas áreas de atuação foram convidados a compartilhar suas percepções a respeito do futuro.
Quais os impactos das inovações atuais no futuro? Quais novas invenções vão sair do nada e mudar tudo? Como nossas famílias se parecerão em 2100? Como é que vamos nos governar? Como será a divisão de poder no mundo e qual será a posição do Brasil? Que novos crimes ou outras ameaças pairam na frente? Será que vamos ser felizes?
Nesse cenário, prevalecem no país o acirramento da polarização política, da fragmentação social e da cultura de curto-prazo, resultando no retrocesso social e na manutenção da economia tradicional primário-exportadora, com o aumento das exportações agrícolas e da produção de orgânicos.
Este é um cenário que apresenta um crescimento parcial, em que o foco no crescimento econômico oferece pouco espaço à inclusão social. A indústria apresenta crescimento exponencial, com investimento em infraestrutura, construção civil, setor automobilístico, agricultura, pesquisa e inovação. Mas a população está insatisfeita com o crescimento desigual.
Aqui, prevalece o enfrentamento das desigualdades sociais, com a reforma trabalhista, o crescimento da economia colaborativa e de compartilhamento, a fiscalização política. No entanto, faltam estímulos ao dinamismo econômico, um diálogo maior entre empresas e universidade e um pacto pela inovação.
Este é o cenário de convergência entre as agendas social e econômica, com verdadeiros alicerces para a construção de uma sociedade mais inclusiva, dinâmica e inovadora. O país, agora parlamentarista, desfruta de um plano de desenvolvimento de longo prazo, com investimentos em educação, inflação contida e redução das taxas de juros. A reforma tributária é uma realidade, assim como a redução dos preços de energia.
Todos esses cenários reforçam a necessidade de se pensar o longo prazo e fazer escolhas. Espera-se promover, a partir dos subsídios elucidados no projeto Brasil 2035, um debate sobre as escolhas prioritárias.
E você, qual cenário você visualiza para o Brasil em 2035?
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