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Oryx & Crake nos lembra que, mesmo distópico, o futuro é um “cenário assustadoramente familiar"


capa do livro oryx&crake

Talvez você conheça Margaret Atwood pelo livro O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale), lançado em 1985 e posteriormente transformado em série. Margarete se destaca por suas incursões no terreno da ficção especulativa, trazendo novas perspectivas sobre problemáticas sociais e políticas que poderiam ser consideradas naturais ou, muitas vezes, inevitáveis. Em 2003, Margaret lançou o livro Oryx & Crake, o primeiro de uma trilogia que trata de questões éticas e morais sobre o futuro da humanidade, onde a civilização e a linguagem desaparecem quase completamente.


No enredo, o avanço da biotecnologia permite ao homem criar “coisas” na natureza, como o ChickenNob, um “frango” feito por 12 coxas, com uma boca para receber os nutrientes, mas sem quaisquer outras funções que não sejam relacionadas a digestão, crescimento e assimilação. Não podemos chamar isto de animal, correto? Por isso mesmo, os defensores dos animais nada conseguiriam contra a indústria da Neoagricultura.


A história também apresenta bebês criados de acordo com todas as expectativas e anseios dos pais: olhos azuis, cabelos castanhos lisos, gênio da matemática. Edição genética como terapia e para cura de doenças, mas também para fins estéticos. O uso extremo leva à criação de comunidades segregadas, com diferenciação na educação, saúde, alimentação e segurança. Enquanto os mais inteligentes comem camarão de verdade, produzem pseudo-frangos para a “plebelândia”, um grande paradoxo não muito diferente do que já acontece hoje.


Em Oryx & Crake, questões importantes e profundas são levantadas em torno do que é falso ou verdadeiro neste mundo? O que é natural? A verdade é que não importa. Se parece ser falso, é porque o processo foi mal feito, indica um dos personagens principais da narrativa. Também é verdade que, por mais distópica que seja a sua construção, o futuro é mesmo um “cenário assustadoramente familiar”, tal como diz o resumo do livro.


Enquanto Margaret Atwood consegue nos transportar mentalmente para um futuro distópico não muito distante, Patricia Piccinini nos apresenta este imaginário em suas instalações artísticas imersivas. Já falamos dela aqui. Patrícia desafia o modelo de pensamento que vê o homem, a natureza e a tecnologia como categorias separadas, em que o que hoje parece desconhecido e repulsivo a princípio pode se tornar muito menos estranho do que imaginamos.


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