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Guia Sugere: livro Depois do Futuro

Mais do que falar de futuros, o objetivo por aqui é compartilhar também um pouco da fonte onde bebemos nosso repertório. Hoje, indicamos o livro “Depois do Futuro”, lançado em 2009 por Franco “Bifo” Berardi, filósofo, escritor e agitador cultural italiano.
Nas 176 páginas que compõem o livro, Bifo investiga as concepções de futuro dos vanguardistas ao longo do século XX, bem como as implicações das transformações dessas visões a partir da década de 1970. Uma mudança que vai de um futuro promissor e brilhante a um futuro incerto e amedrontador.
O autor constrói sua narrativa por meio da articulação de referências artísticas e culturais e pensamento crítico, passa pelo Manifesto Futurista, pelo movimento punk do anos 1970 e pela revolução digital dos anos 1990. Tudo para concluir a impossibilidade de se prever o que está por vir.
"A atenção, faculdade cognitiva que possibilita a percepção plena de um objeto mental, é disponível em quantidade limitada, tanto é verdade que nos últimos anos alguns economistas começaram a falar de attention economy, e, quando um recurso se torna objeto daquela ciência necrófila, quer dizer que se tornou um recurso escasso." p.154
As reflexões propostas por Bifo perpassam questões políticas, econômicas e tecnológicas complexas. Abordam a internalização da velocidade em razão do bombardeio de informações a que somos incentivados a consumir, a precarização do trabalho em uma sociedade onde a pessoa física e a pessoa jurídica se fundem em uma só e a hiperconectividade como potencializadora dos males da nossa geração, como depressão e suicídio, pouca escuta ativa e falta de empatia. Nossa energia consumida pelo excesso de velocidade.
"O tempo para a empatia diminuiu, porque a infoestimulação tornou-se intensa demais." p.164
Contudo, o parecer de Bifo não é de todo catastrófico. Ao pensar o futuro, o autor provoca a reflexão em torno da necessidade de uma perspectiva mais plural do presente, com o estímulo à imaginação e ao pensamento coletivos como possibilidades alternativas à devastação, miséria e violência. É preciso aterrar no agora. Tal como pontua em seu manifesto pós-futurista, só assim “cantaremos a infinidade presente e não teremos mais necessidade de futuro”.
“O mundo, dizem-nos Deleuze e Guattari, funciona dessa forma, não por alternativas, por exclusões, mas por proliferações, agregações e recomposições. Pois bem, o que é a rede telemática se não um universo que prolifera e no qual o que domina é a concatenação, a conexão e nunca a disjunção opositora? p.118
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