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Guia sugere: livro 24/7 - O Capitalismo tardio e os fins do sono, de Jonathan Crary


capa do livro 24/7 - O capitalismo tardio e os fins do sono, de Jonathan Crary

Pergunta rápida: quantas horas você costuma dormir por noite (ou dia)? Agora pare e pense: quantas horas diárias o seu corpo precisa para descansar? Se os números variam da primeira para a segunda resposta, talvez você faça parte dos 83% dos brasileiros que alegam que não conseguem dormir bem.


Os dados são da empresa de pesquisa e monitoramento de mercado Hibou, que em janeiro deste ano lançou um report com a percepção de mais de 5 mil brasileiros, todos maiores de 18 anos, em torno da qualidade do próprio sono. Entre os fatores que colaboram para uma noite mal dormida, estão a ansiedade e o uso do celular antes de dormir.


A porcentagem é extremamente elevada, sobretudo se considerarmos os efeitos colaterais da privação e/ou má qualidade do sono. Segundo pesquisas relatadas no artigo “Dissociable effects of self-reported daily sleep duration on high-level cognitive abilities”, publicado na revista científica Sleep, nosso corpo precisa de uma média de 7 a 8 horas de sono por dia. Assim, pessoas que dormem muito pouco podem desenvolver distúrbios cognitivos como problemas de raciocínio, dificuldade na resolução de problemas e na comunicação.


As informações levantam uma série de reflexões que vão ao encontro da abordagem do livro 24/7 - O Capitalismo Tardio e os Fins do Sono, do norte-americano Jonathan Crary. Colocando o sono no cerne de uma questão que é, sobretudo, sociológica, Crary nos faz pensar sobre a dissolução das barreiras entre o real e o virtual em um estilo de vida cada vez mais hiperconectado e pautado pela produtividade e pelo consumo.


Em um mundo em que intentamos preencher todo e qualquer tempo livre com alguma atividade produtiva, o sono se torna a única forma de ruptura de um sistema que nos mantém conectados e ativos durante 24 horas por dia, 7 dias por semana. Uma forma de resistência, de liberdade e segurança, mas que se encontra ameaçada, visto que, assim como outras necessidades fisiológicas, o capitalismo tem se sobreposto às próprias barreiras do sono.


Por outro lado, várias corporações já se atentaram aos malefícios da deficiência de sono para a cognição e, logo, para a produtividade, com as mesmos dispositivos que nos tiram o sono agora nos prometendo aplicativos que nos auxiliarão a dormir melhor. Você já parou para pensar nisso?


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